quarta-feira, 18 de julho de 2007

Crítica do jornalista Celso Fonseca

Talvez seja pouco atribuir a esses quatro surpreendentes músicos o fato de que eles produzem “a nova música mineira”, realizam o feito de lapidar uma “nova música brasileira”, de um magnetismo raro. Sedimentado numa sonoridade eloqüente, que faz com que vanguarda e a tradição sejam irmãos de fé, o quarteto cria um som de alma furiosa e em alguns momentos de um aconchego quase camerístico. A voz forte de Samuel traduz, aí sim, um espírito mineiro desafiador, que se move pelo anseio da liberdade. O mineiro de Samuel não contempla. Luta. As letras são de poética intensa, elogios à liberdade. Samuel escreve como quem tem a missão de desatar grilhões, abrir algemas e correr um mundo de distâncias terríveis, mas sempre transponíveis. A música do quarteto jamais se apequena ou se conforma. Possui um volume épico que nos convida a sair do lugar comum. No show “Pra lá dos Mundéu” há uma chance rara de ser carregado pela força e a honestidade destes quatro grandes músicos que refazem um caminho difícil, o de se criar boa música no País. Elomar, o menestrel, diria Amém!

Celso Fonseca é gerente de conteúdo do Portal Terra e fez críticas de música para os jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, e também para a revista IstoÉ.